quinta-feira, 4 de julho de 2013

A vida que nos falta ter...

Marcelo Arcanjo de Jesus

Todas as buscas e inquietudes da espécie humana, talvez sejam explicadas pelo desejo de serem eternos e abundantes em fortunas, amor e paz.
Nenhum de nós se conforma com a adversidade ou a ideia de que algumas coisas podem sair do nosso controle ou vontade.
Diferente de qualquer outro animal, nós passamos toda a vida recusando os cuidados e favores cedidos pela natureza e, assim, sempre buscando formas alternativas de sobrevivência.
Não há em nós o equilíbrio necessário para termos uma vida dosada de sabedoria e amor.
Tudo em nós é desequilibrado, insano e insensível.
Dizemos que amamos, porém queremos ter e possuir o outro e não damos importância para os sentimentos e vontades deste.
Dizemos ser educados e cordiais, porém por motivos banais somos capazes de cometermos as maiores loucuras e sandices.
Professamos e dizemos ser amantes da paz, mas na verdade é de violência e maldades que vivemos.
Estamos transbordando de arrogância e egoísmo, mas só somos capazes de enxergar o defeito que há nos outros.
Na busca incessante por riquezas materiais deixamos de viver a beleza e simplicidade que há na vida.
Afastamos-nos de pessoas que amamos, por motivos fúteis e nem nos damos à oportunidade de sermos por estas, amados.
Perdemos muito tempo criticando o próximo, sendo preconceituosos e nos esquecemos de que a nossa vida escorre por nossas mãos como a areia no vento.
Quantas vezes gastamos inutilmente o precioso tempo que temos em coisas que não nos renderá nada.
Somos capazes de falar vários idiomas, porém não temos o discernimento de ouvir e compreender a voz da consciência.
Queremos a liberdade e nos esquecemos de que ela só existe se houver sabedoria.
Temos em nós as respostas para todas as nossas perguntas, mas não as encontramos porque vivemos no labirinto da razão.
Se observássemos mais a natureza, não precisaríamos de remédios para dormir.
Se respeitássemos o nosso semelhante, não precisaríamos de leis que nos punem e condenam.
Quantas palavras deixamos de falar, ou as falamos de mais;
Quantas maldades fizemos ou fazemos aos outros;
Quanta bondade deixamos de usar;
E quanta sabedoria foi por nós, desprezada.

No fim de tudo, restará somente o vergonhoso e eterno silêncio.

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